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Causos da Estrada

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Depois que visitamos Bariloche, partimos em direção ao nosso próximo destino: Puerto Varas. Logo depois da fronteira entre Argentina e Chile, percebi na estrada várias macieiras carregadas de maças.

Na hora me empolguei para pararmos e colhermos algumas maças diretamente do pé e todos compraram prontamente a ideia. Assim que avistei uma nova macieira, avisei o Cris, toda empolgada. O problema é que a estrada não tinha acostamento, apenas um espaço gramado bem inclinado, que numa emergência muitos usam como acostamento.

Saímos de El Calafate em direção à cidade de Perito Moreno com um dia lindo e ensolarado. No caminho íamos admirando a paisagem marrom das montanhas, entrecortadas por um rio azul que dava um contraste muito bonito na paisagem.

Quando deu o horário de pararmos para almoçar, encontramos uma saída para a margem desse rio e não pensamos duas vezes: vamos preparar nosso almoço e comer com essa vista espetacular. Era uma vista digna de um restaurante 5 estrelas.

Três anos atrás tivemos a oportunidade de visitar Punta Arenas, antes de irmos ao parque Torres del Paine para o trekking do Circuito W. Na ocasião passamos 3 dias na cidade conhecendo seus principais pontos turísiticos e visitando a zona franca. Um dos passeios que queríamos fazer era de barco, para avistar pinguins. Pagamos o passeio e no horário marcado tínhamos que ir até o porto para pegar o barco. Do hostel onde estávamos, era uma distância de 3,5 quilômetros. Super tranquilo, né? Resolvemos ir a pé e apreciar a orla da cidade, que dá para o mar do Estreito de Magalhães.

Saímos com mais de uma hora de antecedência para ir passeando. No entanto, o que se passou foi uma corrida desesperada para chegar a tempo de não perder o passeio, pois o vento era tão forte que não conseguíamos avançar muito, a resistência era enorme. Com certeza aquele vento carrega uma criança.

Sempre que eu pensava numa viagem de volta ao mundo, minha imaginação viajava para cenas cheias de glamour e um certo luxo, mesmo que rústico. Afinal, tem algo mais chique do que dar um tempo no estilo de vida tradicional para ir conhecer o mundo? Tirar um ano sabático para fazer aquilo que sempre sonhou? Para mim, não tinha.

Eu só me esqueci de um detalhe importante nesses meus devaneios: com a grana curta, o luxo e glamour tendem a zero rs. A começar pela hospedagem.

Ficar em pousadas e hotéis somente como último recurso. Nossa hospedagem básica até o momento tem sido em campings, que costumam ser baratos (algo entre 50 e 70 reais por dia). Sonhamos com convites para ficar na casa de pessoas pelo caminho, mas até agora, nadinha rs.

Sempre que possível procuramos passar a noite em camping selvagem, geralmente às margens de algum rio, para fazer um saving na viagem. Além de economizar, podemos desfrutar de uma vista digna de um hotel 5 estrelas, bem de pertinho da janela do nosso "quarto".

Mas nem tudo são flores, e quando optamos por dormir sem pagar temos que lidar com outra questão muito importante: como faremos para tomar banho.

Como o sol se põe bem tarde no verão em Ushuaia, por volta das 21 horas, calculamos nosso trajeto e vimos que chegaríamos às 20:30hs, ainda com claridade. Nossa regra é não dirigir de noite, pois tudo fica mais complicado quando não se conhece o lugar por onde está passando e ainda precisa procurar um lugar para dormir.

Parecia que estava tudo sob controle, mas a verdade é que não estava. De fato, tudo deu errado nesse dia: 1) Viajamos o dia inteiro debaixo de chuva forte; 2) Pegamos muitos quilômetros de estrada de rípio que parecia ter sabão, de tão escorregadia; 3) Nosso GPS quebrou o cabo para carregar e ficou sem bateria; 4) Ficamos muito tempo sem internet e não conseguimos baixar o mapa do google; 5) Não conseguimos achar um lugar abrigado da chuva no caminho para fazermos comida e ficamos muitas horas com fome; 6) Esquecemos que íamos passar pela fronteira do Chile e estávamos com muitas frutas e verduras, que foram todas confiscadas; e por fim, 7) Não vimos uma barreira policial e o Cris acabou passando muito rápido e derrubando alguns cones (o que nos gerou uma bronca daquelas do policial).

Estávamos nós dirigindo felizes pela estrada de São José dos Ausentes – RS, Brasil, pois tínhamos vencido um trecho de uns 100 km de estrada de terra esburacada e cheia de pedras que o GPS tinha nos sugerido como o “melhor caminho”, fora uma ponte muito perigosa por onde passamos. Enfim, estávamos alegres por voltar ao asfalto naquele final de tarde, quando notamos que os pássaros da região eram suicidas ou estavam todos chapados brincando de atravessar a rodovia na frente dos carros.

Enquanto a Naty falava para o Dani sobre os pássaros na estrada, um sabiá atravessou a nossa frente e eu não tive tempo de frear o carro ... a pancada foi certeira! Vi apenas pelo retrovisor o passarinho esticar as perninhas e dar o último suspiro. Pobre passarinho, sabe Deus o que ele deixou para trás ... apenas os carniceiros ficaram felizes com a morte do pequeno animal.

Isso me deixou alerta, pois ao longo do caminho vamos cruzar com muitos outros animais , e se for um de médio porte, já pode trazer sérias consequências para a nossa viagem ou mesmo para a minha família.

Cristiano de Andrade

Existe uma solidariedade muito legal nesse mundo de viajantes. As pessoas se ajudam das mais diversas e variadas formas. É um prazer poder dar dicas do que fazer ou não fazer, ajudar outros viajantes a evitar dores de cabeça que você já teve, e da mesma forma receber isso em troca. Até o momento, já recebemos conselhos preciosos de pessoas muito mais experientes do que nós na estrada, já fomos socorridos com o nosso fogão a gasolina que não funcionava e já fomos ajudados com um pneu furado. Tenho certeza de que essa lista aumentará muito com o passar do tempo viajando.

Nosso desejo é retribuir a ajuda que temos recebido, como uma verdadeira corrente do bem, que nos impele a fazer o mesmo por outros viajantes. Não tem preço saber que muitas vezes um simples gesto ou ajuda tornou a vida de outro viajante tão mais fácil aquele dia. E é o que temos feito desde que começamos a viagem.