Quando começamos a trabalhar no roteiro da viagem, percebemos que a tarefa é mais difícil do que parece. Encaixar todos os lugares por onde se pretende passar nas melhores estações, evitando ao máximo inverno e período de chuvas, é um verdadeiro quebra-cabeça difícil de montar.

Além das questões climáticas, tivemos que levar em consideração outros fatores como visto, documentos exigidos por cada país (carnet du passage, por exemplo), custos do transporte marítimo, dentre outras questões. Nossa ideia principal ao montar o roteiro foi fugir ao máximo do inverno nos lugares mais extremos e tentar fazer a travessia do carro nas rotas mais comerciáveis e, portanto, mais baratas.

Após analisar todas essas questões, definimos nosso roteiro da seguinte forma:

1) Começaremos pela América do Sul, com destino ao ponto mais extremo: Ushuaia. No caminho, conheceremos diversos lugares do Uruguai e Argentina.

2) Em seguida, nosso próximo ponto de destino é o Alasca. No caminho passaremos por diversos países, como Argentina, Chile, Peru, Equador, Colômbia, Panamá, Costa Rica, Nicarágua, Honduras, Guatemala, Belize, México, Estados Unidos e Canadá. Será uma longa e exaustiva maratona, pois temos tempo certo para chegar ao Alasca para evitar a temporada mais fria e com neve e deveremos viajar num ritmo mais acelerado. Estamos torcendo para conseguir ver a Aurora Boreal. Torçam por nós também!

3) Nosso próximo marco é a Flórida, nos Estados Unidos. Pretendemos despachar o carro de lá para a Europa e aproveitar para passar algum tempo com amigos queridos que moram em Orlando. Já será época de Natal e Ano Novo e os americanos levam muito a sério a decoração de Natal. Orlando fica mágica!

4) Receberemos o carro na Europa e ainda estará no último mês do inverno, portanto vamos começar a visitar os países na região do Mediterrâneo, onde teremos um clima mais ameno. À medida que a temperatura aumentar, vamos subindo para a região mais ao norte da Europa. Pretendemos ficar 9 meses na Europa, visitando os seguintes países: Portugal, Espanha, França, Inglaterra, Escócia, Irlanda, Holanda, Bélgica, Alemanha, Dinamarca, Noruega, Suécia, Finlândia, Rússia, Ucrânia, Romênia, Bulgária, Turquia, Grécia, Albânia, Montenegro, Croácia, Eslovênia, Itália, Suíça e Áustria. Uma média de quase 3 países por mês.

A razão dessa correria toda é porque na Europa existe um acordo de livre circulação chamado Acordo Schengen, que engloba 26 países, e que permite a permanência do turista por apenas 90 dias.  Passado esse período, é necessário ficar 90 dias fora da área do acordo, em países como a Inglaterra, os Balcãs e a Rússia, para somente depois poder retornar à área do Acordo Schengen de novo, por mais 90 dias. Passados os 9 meses, pretendemos despachar o carro para a Austrália, e enquanto ele viaja de navio, aproveitar para visitar a China ou outro país da Ásia.

5) Na Austrália, pretendemos conhecer toda a costa leste e parte da costa oeste, bem como viajar pelo outback australiano. Separamos mais de um mês para essa experiência. Em seguida, devemos ir para a Nova Zelândia e países do sudeste asiático, como Vietnã, Tailândia, Laos e Camboja. Ainda estamos em dúvida se visitamos a Índia ou o Nepal, vamos deixar para decidir mais próximo.

6) A próxima etapa é enviar o nosso carro de volta para casa. Mas isso não significa ainda o fim da viagem. Enquanto o carro estiver viajando para o Brasil, iremos conhecer a África do Sul e, somente depois, retornar também para o Brasil.

A princípio, 2 anos fora de casa nos pareceu muito tempo. Pensamos que seria possível explorar com folga tudo o que tínhamos em mente. No entanto, quando traçamos o roteiro, percebemos que para visitar tudo o que queremos, será uma viagem muito corrida e cansativa. Por essa razão, começamos a pensar em estender a viagem para 3 anos, o que nos daria um pouco mais de fôlego para não só conhecer os lugares, mas também vive-los. A verdade é que não temos orçamento para 3 anos, ainda rs. Esse é nosso grande desafio: descobrir um modo de gerar recursos durante a viagem que nos permita ficar o período todo que desejamos.

Se conseguirmos, uma parte significativa do roteiro mudará e incluiremos outros países na nossa viagem. Vamos aguardar cenas dos próximos capítulos rsrs.

Mesmo que tenhamos que manter a viagem em 2 anos, o importante é voltarmos satisfeitos e realizados com a experiência vivida, e não com aquela sensação de quero mais, de que faltou alguma coisa. Queremos fechar a viagem com o desejo de voltar para casa, para a família e os amigos, certos de que vivemos a experiência mais incrível das nossas vidas e com um senso de missão cumprida.